quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Rouge lança o EP “5”

Esta segunda-feira (08) foi histórica para o Rouge seus fãs, marcando o lançamento do EP “5”. Essa é a primeira coleção de inéditas do grupo em 13 anos, já que a última foi o disco “Mil e uma Noites”, de 2005. O grupo ficou um longo período separado e essa é uma nova fase, com influencias e sonoridades que apontam para direções ousadas. As canções, que misturam ritmos como reggaeton, funk e batidas pop trazem elementos ainda não vistos nos trabalhos do grupo.


“Sólo Tu” é a primeira música do EP e a responsável por armar uma ponte entre o passado e o presente. O refrão, como o título, traz versos em espanhol (“este amor no necesita palabras…”), algo presente em toda a discografia do Rouge – desde “Ragatanga”. Aliás, há versos bilíngues: “Sólo tu sólo tu, com esse doce beijo de mel, sólo tu, sólo tu, mi futuro is in your hands, sólo tu, sólo tu, mas será que vai ser fiel?”. MI FUTURO IS IN YOUR HANDS, sabe? Esta canção, por outro lado, é bem diferente do pop enlatado que consagrou o grupo (sem demérito, inclusive, adoro). É uma canção solar, que te transporta para o fim de tarde em uma praia. É um pop aos moldes de Vitor Kley e Melim, sem virtuoses e agudos arquitetados para impressionar.

A segunda canção da tracklist é a sexy “Beijo na Boca” e traz participação de Vitão, jovem cantor e produtor da HeadMedia, a produtora que assina todas as faixas do EP. Tem elementos de funk, de uma maneira sofisticada. Os vocais da Karin Hils são os mais funkeados. Mas os fãs não precisam se assustar: é 100% Rouge. Você reconhece a sonoridade do grupo, ainda que em nova roupagem, com uma nova proposta. É uma faixa dançante, porém não de uma maneira óbvia. Não denota intenções comerciais a fim de abocanhar uma fatia do mercado pop funk – que já está saturado. Tem mais cara de lado B.

Em seguida, a conhecida “Dona da Minha Vida” salta aos ouvidos. Você entende porque ela foi escolhida como single: tem mesmo mais apelo. O clipe rendeu 7,7 milhões de visualizações em um mês – uma média que já supera “Bailando”, que está com 9,6 milhões de reproduções em oito meses. Ótimo número para quem ainda está tentando encontrar seu lugar no mercado fonográfico atual, digital, diverso e “democrático”.


“Dona da Minha Vida” é a faixa política do EP. “Não pense que eu vou ficar vivendo no passado”. Esse é o verso que dá início à música e já representa essa nova fase do grupo. O tema é empoderamento. “Eu vou viver todos os sonhos que tirou de mim / tudo o que você disse que não sou”, cantam. A letra é densa, mas sem deixar de ter um refrão que gruda na cabeça. Cada verso parece ter sido muito bem pensado. De um modo geral, há um amor superado como destinatário - “olha que ironia, tudo que eu tinha era seu falso amor”, mas a composição transcende esse universo de relações românticas. A música não é sobre um relacionamento nem sobre o outro. É sobre não mais se sujeitar ao que não faz bem.

A próxima faixa se chama “Sem Temer”, que não tem nada a ver com Michel Temer nem com política, antes que busquem pelo em ovo. É a música favorita de Lu Andrade. Trata-se de uma balada romântica, o som pop mais facilmente digerível. Os vocais da Lu e da Aline Wirley estão lindos demais. A letra é bastante melosa, com versos como “horas que eu não vejo nada / além do sorriso que você me lança / mesmo se essa história não levar em nada / vai ficar pra sempre na nossa lembrança”. Essa canção encontra-se entre as grandes baladas do Rouge, que sempre foi bom nisso. Eu particularmente adoro as sofrências delas.

Para encerrar o EP, há “Te Ligo Depois”, um contraponto ao eu-lírico da música anterior. Aqui, elas cantam “te ligo depois, se eu me lembrar”, assumindo uma postura mais desencanada e blasé. Aline tem versos falados. O som é bastante animado e descontraído. É a faixa menos orgânica, menos roots, e por isso a mais diferente. As vozes delas estão tratadas no refrão e em outros trechos, como os versos da Fantine Tho. Mas também tem notas extensas, que o público gosta. O interessante é que essa música não é curta, mas passa muito rápido. Ouvi várias vezes, sempre com a impressão de que, quando eu começava a assimilá-la, ela terminava.

O EP “5” do Rouge aponta novos caminhos e novas possibilidades para a girlband. É o primeiro material delas com um novo produtor (toda a discografia até então havia sido assinada por Rick Bonadio), o que já traz um novo frescor, sem vícios e macetes. O Rouge está se experimentando em público e isso é muito rico artisticamente – para as integrantes e para os fãs, que terão que se acostumar a não saber o que esperar do grupo. 

“Até o próximo semestre desse ano, Rouge deve lançar novas músicas, que resultarão no lançamento de seu próximo disco”, finaliza a assessoria da Sony Music. Ou seja, se não escreveram errado, as meninas podem lançar um álbum completo até o final do ano ou no próximo semestre.

Vale ressaltar que não faz muito tempo que aconteceu a 25ª edição do Prêmio Multishow, uma das maiores premiações musicais brasileiras. E a festa já começou animadíssima no tapete vermelho com a apresentação do Rouge, que prestou homenagem à grandes mulheres brasileiras como Leila Diniz, Marielle Franco, Maria da Penha, Dandara e Maria Quitéria em seus roupões pretos enquanto mostravam o novo single “Dona da Minha Vida”. 


Na sequência as meninas colocaram o público para dançar ao som do hit “Ragatanga”. Além de se apresentarem juntas no grande evento ganharam o prêmio de Melhor Grupo. Em entrevista ao Multishow, as garotas mostram que estão muito animadas com a vitória e agradeceram bastante aos fãs.

E ai, ansiosos para o lançamento do novo álbum da girl band? Enquanto isso, CLIQUE AQUI e Ouça o EP “5”.

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