quinta-feira, 20 de março de 2014

Por trás das cortinas do teatro goiano.

Muitos profissionais do teatro goiano não o vê como somativo e sim divisivo, gostam de ser únicos e movidos pelo sentimento de competição repudiam os outros trabalhos aqui feitos. Infelizmente se torna um mercado difícil para quem é ator na capital de Goiás, os donos das companhias assinam contratos temporários com os elencos das peças, e com o vencimento destes contratos, eles se sentem no direito de não renova-los. Okay, isso é realmente muito comum e não julgo como errado, o problema é que estes produtores sentem que aqueles atores que não estão fazendo trabalho nenhum, são propriedade deles, e caso um destes atores faça algum trabalho dentro de outra companhia, são nocivos da acusação de traição, e a queimação de filme se torna geral ali no boca a boca. É ai que questiono os produtores das companhias; É justo que os atores fiquem desempregados enquanto vocês não decidem inclui-los em um trabalho? E as propostas de carga horária e cachês devem ser ignoradas e os "coitados" dos atores tem que se acomodar com o que é oferecido sem cogitar realizar trabalhos que para eles possam ser melhores? Querido produtor, se a resposta for ao seu favor, lamento, você é o tipo de pessoa que enxerga somente o seu umbigo.


Dá a impressão que ter experiências em locais diferentes de atuação não é favorável para uma contratação, e sim um aspecto exclusivo em vez de inclusivo, isso me entristece, pois vemos representantes deste cenário que era para ser rico em cultura e a favor de sua proliferação, brigando entre si por de trás das cortinas. O mesmo parece acontecer entre os atores, que tanto se sentem injustiçados ou pressionados a não aceitar outras propostas de trabalho devido a provável imaturidade de quem o contratou por último, preferido assim ficar de ''molho'' sem ganhar nada em dinheiro, mesmo que a proposta tenha sido boa, do que arriscar perder as chances de ser recontratado novamente por aquele com quem trabalhou por último. Os atores daqui falam mal um dos outros a cada nova peça e troca de elenco, seja na mesma companhia ou não. Não dá para generalizar e dizer que são todos, existem muitos que não são assim, mas a grande maioria parece não aceitar muito bem quando não são escalados ou não conseguem o papel que queriam, já dizem que o ator principal da peça ''x'' atua pessimamente, ou que a atriz escalada transou com o diretor em troca do papel. Isso é tão mesquinho, é como se ninguém estivesse trabalhando por mérito, o que nem sempre é verdade, quando tudo aponta que só esta neste ramo quem realmente ama o que faz, porque nem sempre ganham o suficiente para se manter sem a ajuda dos pais, ou sem ter um outro emprego paralelo.

Os mestres parecem não querer que os seus aprendizes cresçam, se eles deixam de ser atores subordinados e montam o seu próprio negocio, são vistos como traidores, como quem deu a apunhalada pelas costas, outro aspecto triste. Talvez estas novas companhias não sejam tão boas como aquelas que já existem a 20 ou 40 anos, mas estão começando como todo mundo que esta atuando a muito tempo neste mercado começou, e foram evoluindo de forma gradual até chegarem onde estão. A estes que estão começando, faço o apelo de que sejam a diferença neste núcleo tão fechado e movido por panelinhas, que tornem do teatro uma porta aberta, um lugar agradável e menos opressor para quem o faz. E aos atores deixo minha opinião; Tudo o que você diz uma hora chega no ouvido do envolvido, dai só resta o desconforto caso um dia contracenem, ou a falsidade que é ainda pior, não seja cruel em falar mal do trabalho do outro, há pessoas muito melhores que vocês, no teatro brasileiro e na televisão que estão ocupados demais com o que fazem para perder o seu tempo falando mal de quem não esta onde eles estão, ou estão onde eles gostariam de estar, tenham estes como exemplo.

Com o fim das críticas, deixo a estes mesmos atores a minha torcida, pois vocês recebem muitas vezes muito pouco perto de tudo o que merecem, há atores que dormem no colchão de um teatro nas viagens que fazem, que além de atuarem montam e desmontam cenários, fazem toda a divulgação nas redes sociais e que mesmo assim são pouco valorizados monetariamente, sendo os principais responsáveis por manter o teatro vivo, por que são persistentes em não desistir dessa arte mesmo com todas as dificuldades existentes. À aquelas que são caluniadas não abandonem os sonhos de vocês por conta dos boatos que surgem ao seu respeito. Aos produtores, mais respeito com a classe dos atores e mais maturidade em lhe dar com o fluxo do mercado, e a Goiânia, desejo uma explosão de gente nova nos palcos, peças novas em cartaz, companhias novas com gente interessada em dar o seu melhor, plateias lotadas e arte fresca. Há um bom tempo venho sentindo a vontade de escrever tudo isso aqui no meu blog, hoje o faço não só por mim, mas por todos aqueles que não tem voz suficiente para gritar contra essa maré sem se prejudicar.

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