O mineiro Edgar Xavier ficou conhecido no mundo inteiro com
o nome artístico de Harry Louis, e é um arraso na cena gay mundial. Foi
protagonista em mais de 30 produções de cinema pornô gay, trabalho que ele
largou quando começou a namorar um dos mais famosos e talentosos designers de
moda do mundo, o americano Marc Jacobs. Harry Louis e Marc Jacobs terminaram o
relacionamento no fim do ano passado de maneira formidável, e o ex-ator pornô
que morava em Londres foi para Nova York, se mudando logo depois para o Rio
de Janeiro, onde reside atualmente. Hoje Harry Louis se dedica a uma vida de
empresário com a sua fábrica de chocolates e a rotina de DJ na noite brasileira.
No último dia 22 ele esteve em Goiânia para discotecar na boate Disel, a maior
boate gay da cidade, e é com ele o nosso papo bom de hoje.
RF: De Onde saiu essa
história de chocolate?
HL: Minha avó sempre fazia chocolates no Natal para mim e meus
primos, aquilo era um evento para nós todos, e esperar o Natal levava tempo
demais, então entre 10 e 12 anos eu acabei aprendendo fazer o
chocolate sozinho. Meus primos iam jogar futebol e eu ficava do lado da minha
avó olhando ela fazer o chocolate e assim eu fui aprendendo.
RF: Onde fica a sua
fabrica de chocolates?
HL: Então, a minha marca de chocolate, a HL, tem a sua base
em Londres, mas agora temos uma cede no Rio de Janeiro também.
RF: Os homens têm uma
sexualidade muito clara e agressiva, para você a primeira atração é sempre
sexual?
HL: Sim, com outro homem sim – risos.
RF: Porque você parou
de fazer filmes no cinema adulto?
HL: Na verdade a minha decisão foi baseada em um conselho do meu primeiro
diretor, eu me lembro das palavras dele até hoje, ele disse – Não faça mais de
30 filmes para você não virar figurinha carimbada, você tem que ser lembrado
por um bom trabalho, não por ser uma pessoa que o telespectador vai pular a cena em que
você aparece por saber tudo o que você é capaz de fazer.
RF: De onde saiu o
nome de Harry Louis?
HL: Eu estava na Espanha em uma festa de Halloween vestido
de Harry Potter, e o meu nome é muito difícil de se pronunciar lá, então quando
as pessoas perguntavam como eu meu chamava, eu entrei na brincadeira de responder
Harry. Outra vez me perguntaram o meu sobrenome, e Harry Xavier não colava
muito, daí eu olhei para o meu pulso antes de responder, e vi meu relógio da
Louis Vuitton e respondi que era Louis.
RF: Você viveu em
Brasília dos 12 aos 17 anos, foi lá que você descobriu a sua opção
sexual?
HL: Eu sempre soube, desde os 10 anos de idade eu sempre
tive atração por homens, me lembro de ver as caixinhas de cueca e achar os
modelos bonitos e sentir desejo pelo corpo deles.
RF: Você sofreu bullying por ser gay?
HL: Sempre sofri bullying na escola, os meninos pegavam muito no meu pé, me chamavam de Edygay, de bichinha, veadinho... Como eu não era de brigar e partir para porrada, eu acabava indo para sala do diretor chorando para reclamar. Mas não tenho nenhum trauma em relação a isso, eu sinto até pena de gente assim, que faz os outros se sentirem mal para se sentirem bem consigo mesmas, na época eu era muito novinho e sofria muito, mas com o tempo eu aprendi a bloquear pessoas assim da minha vida.
HL: Sempre sofri bullying na escola, os meninos pegavam muito no meu pé, me chamavam de Edygay, de bichinha, veadinho... Como eu não era de brigar e partir para porrada, eu acabava indo para sala do diretor chorando para reclamar. Mas não tenho nenhum trauma em relação a isso, eu sinto até pena de gente assim, que faz os outros se sentirem mal para se sentirem bem consigo mesmas, na época eu era muito novinho e sofria muito, mas com o tempo eu aprendi a bloquear pessoas assim da minha vida.
RF: Por ser um “Deus” nessa industria milionária, o que você conseguiu em troca? Quais são seus privilégios?
HL: Nos cinco anos que eu trabalhei nessa industria eu já adquiri um respeito muito grande, no segundo ano em diante eu já
escolhia todos os meus parceiros de cena, coisa que eles não deixam qualquer
um fazer. Comparado com os outros atores eu era muito bem pago e até hoje em
dia eu recebo ofertas milionárias na mesa para fazer esse tipo de trabalho e não aceito.
RF: Há preconceito contra os Gays na Espanha, Londres, Estados Unidos da mesma forma que acontece no Brasil?
RF: Há preconceito contra os Gays na Espanha, Londres, Estados Unidos da mesma forma que acontece no Brasil?
HL: Há sim, mas é bem menor, aqui no Brasil eu fico horrorizado com a pressão contra o casamento gay, com as pessoas fazendo questão de ficar falando que isso é errado. Lá fora é tudo mais tranqüilo, nós homossexuais temos mais liberdade, mais direitos, o pessoal é mais evoluído, aqui, neste aspecto as pessoas ainda tem pensamentos muito antiquados sobre essas questões.
RF: A sua iniciação sexual foi fácil?
HL: Foi sim, eu morava em
Brasília ainda e tinha por volta de 15 e 16 anos de idade, foi nessa época que
dei meu primeiro beijo. Eu já fui para os finalmentes no mesmo dia que dei meu primeiro beijo e achei maravilhoso, depois eu nunca mais parei.
RF: Na Espanha você fazia programas, tem como você contar como isso
aconteceu?
HL: Sim, eu fui pra Espanha com 17 anos, me envolvi com um carinha de lá que foi tipo uma porta pra eu sair do país. Chegando na Espanha o nosso relacionamento não deu muito certo por que eu me senti super interessante para os gays de lá, todos estavam me querendo porque eu era carne nova no pedaço, eu adorei aquilo e acabamos terminando. Depois de um tempo, eu não sei se eu perdi ou se roubaram a minha carteira com todo o meu dinheiro dentro, isso foi em Madrid. Sabendo das necessidades da minha mãe aqui no Brasil eu não me senti no direito de ligar de onde eu estava e pedir ajuda, eu passei fome por três dias, até que eu entrei em um chat e surgiu a proposta de um cara me oferecendo dinheiro por sexo. Eu não hesitei em momento algum porque eu não tinha o que comer, hoje eu vejo que aquela foi a melhor escolha que eu fiz em toda a minha vida, por que a partir dali eu fiz muito dinheiro e pude levar minha mãe para perto de mim.
RF: O que seus pais pensaram disso, qual foi a reação deles?
HL: Eu não tenho contato com meu pai, não tinha mesmo antes de ir para Espanha, ele e minha mãe são divorciados. Pouco tempo depois que minha mãe se mudou para a Espanha eu tentei esconder o jogo, mas não deu muito certo, ela acabou descobriu como eu estava ganhando dinheiro e nunca me julgou por isso, ela é
minha melhor amiga, ela é tudo pra mim, ela sempre sabe tudo o que acontece comigo.
RF: Como você começou a fazer filmes no cinema adulto?
HL: Um produtor de cinema pornô
me achou no chat como garoto de programa, gostou do meu perfil e me chamou para
fazer um casting onde eu tinha que me relacionar com outro ator, para mim foi super tranquilo porque o outro ator era super lindo e
atraente. Foi tudo muito rápido comigo, duas semanas depois do casting eu já estava
fazendo filmes em
Barcelona. Cheguei a fazer filmes que duraram dias de
gravação, outros para a internet que levaram umas cinco horas de gravação, é uma
rotina bem corrida dependendo da quantidade de trabalho que você tem, no meu
caso eram muitos.
RF: Você disse que passou horas e dias gravando, como é possível manter o
desempenho por tanto tempo?
HL: Nestas gravações você tem que parar
para tirarem foto da cena, para pegarem o melhor ângulo, a melhor luz, que é
inevitável a ajuda de uma pílula ou de uma injeção de ânimo no membro para que ele se
mantenha de pé por horas seguidas, então eu só tinha a preocupação com a
cara e a atuação. As vezes eu saía de lá todo esfolado, mas eu sou controlado, eu
sei a hora certa do ápice da cena.
RF: Você já se envolveu emocionalmente com outros atores pornôs e os levou
para cama fora de cena?
HL: Sim, vários. O que acontece !? Você fica na
frente de oito pessoas gravando, mas dai surge a vontade de conhecer a pessoa
em um local mais privado, você vai lá e combina com o cara, é até mais fácil por já ter rolado uma pitadinha do que a pessoa é em
cena e o primeiro contato já ter acontecido ali, é ótimo você poder sentir a pessoa melhor sem ninguém te dizendo o que você tem que fazer e como deve fazer.
RF: Os gays brasileiros tem fama de serem os mais sensuais na Europa assim como os homens latinos?
HL: Sim, o brasileiro tem pegada independente de ser homem, mulher ou gay, a gente exala sexo e os gringos adoram.
RF: O que é ser estiloso para você?
HL: É sempre andar do jeito que você esta com vontade, se
sentindo bem e bonito, isso é ser estiloso pra mim.
RF: Fim de carreira no cinema pornô. Você se mudou para o Brasil e iniciou uma tournê nacional como DJ que carrega o nome mixed pleasure. De onde surgiu a ideia de discotecar, e como esta sendo essa experiência para você?
RF: Fim de carreira no cinema pornô. Você se mudou para o Brasil e iniciou uma tournê nacional como DJ que carrega o nome mixed pleasure. De onde surgiu a ideia de discotecar, e como esta sendo essa experiência para você?
HL: Um amigo meu elogiou meu gosto musical e me aconselhou a
fazer um curso de discotecagem, eu peguei aquilo pra mim, fiz um curso curto, e
amei tudo o que eu aprendi. Agora eu estou me divertindo nas noites brasileiras
com esse tipo de trabalho, e estou com a agenda cheia até o final do ano. A
experiência é incrível por que você viaja pelo país inteiro, esta em contato
com as pessoas de todos os lugares daqui, tem sido tudo muito bom, vamos ver se
vai dar certo, eu espero muito que sim. – risos.
RF: Para finalizar o nosso papo bom de hoje, qual é o seu
maior sonho agora?
HL: É reunir a minha família toda em um mesmo lugar, eu
sou muito ligado as minhas raízes. Tenho parentes em Minas Gerais , Brasília,
São Paulo, minha mãe que esta morando com meu padrasto na Espanha, eu sei que é
um pouco complicado porque esta todo mundo muito dividido, mas meu maior sonho é
este.
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