quarta-feira, 2 de outubro de 2019

'Madame X': Madonna subverte seu próprio padrão com espetáculo minimalista

Madame X é uma mulher fina, elegante e misteriosa. O BAM Howard Gilman Opera House, em New York, recebeu na noite da terça-feira do dia 17 a estreia da turnê de “Madame X”, a décima primeira da carreira da rainha Madonna.


A expectativa, como não poderia ser diferente do que aconteceu em todas as estreias anteriores, era enorme. Afinal de contas, esta é uma das propostas mais ousadas apresentadas pelo ícone. Inspirado pelas noites de fado lisboetas, Madonna teve como objetivo central promover uma experiência intimista, capaz de transmitir a proximidade e a animosidade que só aqueles episódios puderam gerar.


Para isso, uma importante objeção: câmeras e celulares foram estritamente proibidos. A regra, que a princípio desagradou muita gente, fez muito sentido. Quem esteve no primeiro (de 18 shows que a artista fará na cidade antes de seguir rumo a Las Vegas), percebeu que a experiência é totalmente imersiva. Compilamos alguns relatos que seguem.


Diante de pouco mais de 2 mil pessoas (entre elas amigos de longa data como Anderson Cooper, Rosie O’Donnel e Spike Lee), Madonna abriu o show cantando canções que são verdadeiros manifestos. Na sequência como parte do primeiro bloco vieram “God Control”, “Dark Ballet”, “Human Nature” e “Express Yourself”, que teve seu refrão cantado acapella.


Os momentos feitos pra dançar também não ficaram de fora. “Vogue”, devidamente introduzida pelo manifesto Madame X, antecedeu a maravilhosa (e viajandona) “I Don’t Search I Find”. Fim do primeiro bloco é um momento que se repetiria ao longo da noite: Madonna desce pra conversar com as pessoas. Numa dessas, ela escolhe um fã pra tirar (e vender) uma selfie em polaroid. Rosie O’Donnell foi a sortuda. Imagina. Só. Essa. Cena!


Diferente do que se imaginava, “Easy Ride” acabou fora da setlist e foi substituída por “Express Yourself”. Os violinos de “Papa Don’t Preach” vem após seu término e servem de introdução para “American Life” (cantada pela primeira vez em uma turnê desde 2004, na “Re-Invention Tour”).


Após um interlude, “Batuka”. Um momento lindo com a Orkestra As Batukadeiras de Cabo Verde, tal qual rola no clipe. Começa aqui o bloco de fado onde, entre outras coisas, Madonna improvisa ao lado do músico Gaspar Varela. Após cantar a “gênesis” de Madame X, “Killers Who Are Partying”, a musa emenda “Crazy”. Rola aí um momento chamado “Welcome To My Fado Club”, endossado por “La Isla Bonita”.


Um ponto especialíssimo do show acontece quando Madonna canta “Sodade”, clássico de Cesárea Évora, ícone da música cabo-verdiana. Por fim, a fim de promover o êxtase coletivo com suas novas e dançantes canções, encerra com “Medellín”.


Houve relatos nesta parte de uma nova conversa entre Madonna e o público. Ela desce, anda no meio da galera… brincalhona mesmo! Depois, começa um verdadeiro deleite! Confirmando os rumores, M exibe nos telões um interlude com “Rescue Me”, que pela primeira vez apareceu em um espetáculo seu. Poderia ser ao vivo? Poderia, mas vamos nos dar por satisfeitos.


Em seguida, uma nova projeção mostra sua filha Lourdes Maria se contorcendo, enquanto à frente ela faz uma interpretação visceral. A canção escolhida? “Frozen”, outra que estava fora da setlist fixa de turnês desde 2008. “Future” teria sido tocada no piano, enquanto “Crave” chegou em versão remix.


Além de “Come Alive”, canção inspirada pelos sons que ouviu durante uma viagem feita ao Marrocos, também rola aquela catarse em “Like a Prayer” e “I Rise”. Assim como no álbum, Madonna se despede com esta, deixando a certeza de que é a maior de todas e que, embora tudo possa parecer arriscado, sua capacidade de surpreender é o grande X da questão. Mesmo nas menores e mais inimagináveis coisas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário