São nas semanas de moda que surgem as principais tendências que guiam as escolhas das marcar por
uma ou duas estações. E é também neste período que surge o clássico
comentário: Mas gente, por que criam essas roupas que ninguém vai usar?
Os que estão habituados com a moda
entendem o seu objetivo, e sabem que o que está ali nos desfiles são
expressões criadas de forma icônica para demostrar o que passou na mente
do estilista para representar aquela estação. Mas ainda existe um ponto
mais profundo e histórico que afetou diretamente os desfiles de
passarela, assim partiremos deste ponto de reflexão.
“A Yves Saint Laurent tirou a moda de luxo dos salões abafados repletos até o teto de cadeiras douradas e a levou para a rua.” Tungate, 2014
Ainda na gestão de seu fundador, a YSL
já apresentava um olhar de democratização em relação à moda, vendo já a
ruptura que seria criada mais a frente entre a alta-costura e outras
formas de produção e consumo, sendo umas das primeiras a trazer e
implantar o prêt-à-porter
(pronto para vestir) com uma boa imagem, além de diversificar a linha
de produtos que a marca atendia. No ano de 1992, já com 30 anos de
existência, 82% da renda da YSL já vinha de fragrâncias e cosméticos, um
marco na moda, pois já mostrava que a marca já tinha transcendido seu
produto original, já fazendo parte da lembrança e desejo das pessoas
como comportamento.
No final da década de 90, surgem
opiniões diversas em relação ao futuro da alta-costura. Calculava-se que
no mundo inteiro haviam apenas 500 clientes de alta-costura, o que
deixava ainda mais incerta a necessidade de sua existência. Mas ao mesmo
tempo que essa imagem negativa se espalhava, não podiam deixar de lado
que a alta-costura era a fonte de todo o sistema – sem o conto de fadas
que ela criava sobre os produtos, a imagem das marcas acabava ficando
abalada. Dessa forma, as pessoas começaram a se perguntar se alguém
seria capaz de salvá-la.
Assim, em um modelo piramidal, a
alta-costura passou a ser o topo da pirâmide, onde estilistas como John
Galliano da Dior e Karl Lagerfeld na Chanel aproveitavam para refletir
sua criatividade nos trajes. Eles, em seus desfiles, começaram a
oferecer criações que pouco pareciam com o habitual e que dificilmente
seriam vistas em pessoas na rua. Essa abordagem da alta-costura como um
elemento artístico permitiu que as marcas fugissem das acusações de
excesso, irrelevância e frivolidade que começaram a se alastrar pelo
mercado, colocando-a como a fonte de inspiração das temporadas de moda
que é a base do que vemos hoje.
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