quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Gordo-fobia: A ditadura da magreza no universo das divas pop.


Você já se perguntou o porque do valor destas mulheres ser diminuído pelas pessoas quando elas não estão tão magras quanto antes? Você já se questionou o porque delas não serem tão enaltecidas pelas revistas e sites quanto não estão tão magras? Ou simplesmente já ficou na curiosidade de saber porque elas viram noticia por estar "em forma" ou ter "ganhado peso"?

Por exemplo o emagrecimento como sinal de triunfo, comeback ou simplesmente como indicador de que a pessoa está dando a volta por cima, não é algo presente nos dias de hoje, em 2008, há 10 anos, Britney Spears após perder alguns kg que tinha ganhado anos atrás, figurou manchetes e matérias em revistas, que anunciavam seu retorno triunfal, afinal nada melhor que voltar a antiga "boa forma" para calar a boca dos haters e mostrar que superou a fase "blackout", afinal gordo não combina com sucesso, principalmente para as mulheres.

O retorno triunfal de Britney, só estaria completo se a mesma emagrecesse . Outra vítima desse "body police", foi Demi Lovato que após se internar por problemas de bulimia e auto-mutilação, engordou alguns kg, o que renderá criticas negativas pesadas, mas após intensificar dietas, atividades físicas e outras estratégias para emagrecer, Demi perde alguns kg, voltando magra no videoclipe de "Cool for the summer", esse foi considerado o comeback da Demi Lovato, a sua volta por cima, pois afinal, como dito anteriormente gordo não combina com sucesso. Esse ano, Mariah Carey, após aparecer em uma premiação visivelmente mais magra, foi apontada como a grande surpresa da noite e que sua boa forma indicava o comeback da artista.

A resposta para esse comportamento é simples: Você já ouviu falar em “gordofobia”? Se não, você deve suspeitar do que se trata. O sufixo fobia se refere à aversão e, nesse caso, aversão a pessoas gordas.

Mas o que levaria alguém a ter alguma coisa contra pessoas gordas? Gordo é uma característica como qualquer outra. Magra, alta, forte, baixo, fraca, morena, loira… São diversas características, mas nenhuma delas parece incomodar tanto quanto “gorda”, que em algumas situações soa até como xingamento.

O que é a gordofobia?

Os padrões de beleza impostos e reforçados a todo momento pela sociedade e pela mídia criaram um modelo de corpo “perfeito”. E, como você já sabe, corpo perfeito aqui não significa aquele que realiza todas suas funções vitais. Você é cobrada a todo momento para ser magra (mas não muito magra) e ter curvas muito bem definidas. E aí entram as dietas mirabolantes e muita academia para você ficar com o “corpo perfeito”, no “peso ideal”.

A gordofobia está em todas as esferas da sociedade, desde a pessoa que chama alguém de “gorda” em tom de xingamento até as marcas de roupa que só fazem calças até o tamanho 42. Passando também pelos assentos apertados nos ônibus e as cadeiras com braços nos restaurantes. Todos os dias, milhares de pessoas gordas passam por esses e outros inúmeros constrangimentos simplesmente por não poderem agir confortavelmente e naturalmente em situações corriqueiras. A fobia de gordos está presente em diversas outras situações, mas em algumas, ainda é velada. “A pessoa que posta piadas sobre pessoas gordas nas redes sociais e na frente da pessoa diz que não tem nada contra e que o importante é ter saúde, ela também está cometendo um ato de gordofobia.”

Não existe uma lei que se refira exatamente à injúria contra pessoas gordas, mas isso pode ser enquadrado como crime contra a honra, caso a pessoa se sinta ofendida. O crime de injúria consta no art. 140 do Código Penal.

O preconceito já está, infelizmente, enraizado na sociedade e em nossas ações. Confira algumas coisas que falamos e fazemos que são indicativas de gordofobia:

Dizer que alguém é “linda de rosto”: ser gorda não é sinônimo de ser feia. Dizer que alguém é “linda de rosto” é excluir o resto de seu corpo, é dizer que o resto do seu corpo é feio.

Engordar um pouco e dizer que está “muito gorda, imensa…”: a palavra de ordem nesse caso é empatia. Sabe quando você dá aquela engordadinha, mas mesmo assim não está nem perto de ter o corpo daquela sua amiga que é realmente gorda e sofre os efeitos disso em várias situações do cotidiano? Então, pare e pense se ficar resmungando que está gorda faz algum sentido.

A expressão “fazer gordice”: ser gordo não está ligado somente com o fato de comer alimentos “gordos”. O ato de comer um combo de hambúrguer com batata frita e refrigerante não é exclusividade dos gordos e pode ser que muitos deles nem tenham esse tipo de regime alimentar.

Dizer que alguém está magra em tom de elogio: atire a primeira pedra quem nunca falou para alguém “que magra!” como se estivesse falando “que linda!”. Ser magra não é qualidade, é característica. Assim como ser gorda não é defeito.

A expressão “você não está gorda, está linda!”: mais uma vez: por que as gordas não podem ser lindas? Uma pessoa pode ser gorda e linda ao mesmo tempo SIM!

Dar dicas de dietas e exercícios físicos sem alguém ter pedido: dar dicas de dietas e exercícios físicos sem alguém ter pedido é assumir que a pessoa quer emagrecer, mas quem deve decidir isso é ela e, caso ela te pergunte, fique à vontade para dar suas dicas.

Usar o argumento do IMC e da saúde: o IMC (Índice de Massa Corpórea) é uma medida internacional que determina se seu peso é o ideal para a sua altura. Esse índice é bastante polêmico porque exclui qualquer outro aspecto para dizer se seu peso está ideal, sendo que uma pessoa pode ter diversos outros problemas de saúde e no fim das contas seu peso e sua altura são o que menos importam.

Dizer que certa roupa “não fica bem em gordinhas”: pare e pense se é do seu direito dizer que alguma roupa fica bem ou não para alguém, seja ela gorda ou magra. Não cabe a você decidir o que uma outra pessoa deve vestir.

Fatores que interferem no peso: Comer de forma desequilibrada e não praticar atividades físicas não são os únicos motivos para uma pessoa estar acima de seu “peso ideal” ou obesa. 

Veja mais alguns dos motivos que podem resultar no ganho de peso ou na dificuldade de perder peso.

01. Hormônios: Algumas glândulas do nosso organismo, como por exemplo a tireoide, podem desacelerar o metabolismo, o que aumenta as chances de engordar.
02. Genética: Assim como qualquer outra característica, o sobrepeso e a obesidade podem ser frutos de uma determinada genética. Você tem preconceito com pessoas de olho azul, por exemplo? É (ou deveria ser) a mesma coisa com pessoas gordas.
03. Qualidade do sono: Um estudo conduzido pelo Departamento de Ciências Nutricionais da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, mostrou que a privação do sono está diretamente ligada à obesidade. De forma simplificada, foi observada uma queda em hormônios importantes que regulam a saciedade. Com isso, os pacientes estudados comiam em quantidade muito superior aos que tinham sono regular.
04. Condições socioeconômicas: Esse ponto é bastante complexo, mas apenas uma comparação simples pode iniciar esse debate. É muito mais barato (e rápido) comprar um pacote de bolachas do que comprar ingredientes para preparar um sanduíche saudável e com quantidades reduzidas de sódio, açúcar e gordura. E a primeira opção é mais recorrente nas lancheiras das crianças. O ritmo de vida das pessoas está cada vez mais acelerado e elas acabam por optar pelo que é mais fácil, rápido e, dependendo de sua condição socioeconômica, mais barato.
05. Medicamentos: Antidepressivos, anti-histamínicos, antipsicóticos e até mesmo remédios para diabetes possuem componentes que induzem à obesidade e que dificultam a perda de peso.

Estes são apenas alguns dos fatores que podem levar à obesidade. Isso não se deve somente à alimentação e ao sedentarismo, ou à preguiça, como é bastante comum ouvir por aí.

Assista esse vídeo sobre a cobrança que as pessoas tem para ter o corpo "perfeito" - entre aspas mesmo: https://bit.ly/2Lk8Kl7.

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