Estação Ferroviária de Goiânia: História, Arte e Revitalização no Coração da Capital

Se você já passou pela movimentada Praça do Trabalhador, em Goiânia, provavelmente notou um imponente prédio em estilo Art Déco que carrega consigo décadas de história: a Estação Ferroviária de Goiânia. Muito mais do que um ponto de partida e chegada de trens, o local é um verdadeiro símbolo da memória urbana e cultural da capital goiana. Neste post, vamos te levar por uma viagem no tempo e mostrar como esse patrimônio foi resgatado do abandono e transformado em um centro pulsante de cultura e cidadania.

Um marco do progresso goiano

Inaugurada em 7 de setembro de 1950, a Estação Ferroviária começou a operar com trens da antiga Estrada de Ferro Goyaz dois anos depois, em 1952. Ela foi uma peça essencial na conexão de Goiânia com o restante do estado e do país, movimentando cargas e passageiros por várias décadas.

No entanto, a partir dos anos 1980, a atividade ferroviária foi deslocada para Senador Canedo. Com isso, o prédio foi desativado e a área passou a abrigar novas estruturas urbanas, como a extensão da Avenida Goiás e a construção da nova rodoviária da cidade.

Arquitetura que conta histórias

Projetada no estilo Art Déco, a estação é uma das construções mais icônicas desse movimento arquitetônico em Goiânia. Em 2002, o prédio foi tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), reafirmando sua importância histórica.

No interior, destacam-se dois afrescos criados em 1953 pelo artista e frei italiano Nazareno Confaloni: "Bandeirantes: Antigos e Modernos". Essas obras são consideradas marcos das artes plásticas em Goiás e ajudam a contar parte da identidade visual e cultural do estado.

Renascimento: a restauração da estação

Depois de anos de abandono, o prédio passou por um processo de restauração entre dezembro de 2017 e maio de 2019. O investimento de R$ 5,87 milhões veio do PAC Cidades Históricas e possibilitou a recuperação completa da estrutura.

A obra incluiu:

• Reconstituição dos azulejos da fachada,

• Restauro dos pisos, telhados e da icônica torre com relógio,

• Recuperação da locomotiva "Maria Fumaça",

• E requalificação da Praça do Trabalhador com nova iluminação, paisagismo e mobiliário urbano.

Nova vida para um velho trem

Hoje, a antiga estação abriga a Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia, além de espaços para a Guarda Metropolitana, a Banda Municipal e exposições de artistas goianos. Também estão em andamento projetos para criar um Centro de Atendimento ao Turista (CAT) no local, reforçando seu papel como ponto de referência cultural e turístico.

Praça do Trabalhador e a Feira Hippie

Não dá pra falar da estação sem citar a icônica Praça do Trabalhador, onde ocorre a famosa Feira Hippie. Com cerca de 7 mil barracas, ela é considerada a maior feira ao ar livre da América Latina, movimentando a economia local e atraindo visitantes de todo o Brasil todos os fins de semana.

Um monumento à memória operária

Outro símbolo importante da praça foi o Monumento ao Trabalhador, inaugurado em 1959 com dois murais de Clóvis Graciano: “Luta dos Trabalhadores” e “Mundo do Trabalho”. Infelizmente, o monumento foi alvo de vandalismo e acabou demolido em 1986 durante o regime militar. Desde então, várias iniciativas tentam viabilizar sua reconstrução.

Conclusão

A Estação Ferroviária de Goiânia é um verdadeiro tesouro histórico que sobreviveu ao tempo, ao abandono e ao descaso. Hoje, restaurada e com nova vocação cultural, ela representa não só o passado glorioso dos trilhos em Goiás, mas também o futuro promissor de uma cidade que valoriza sua memória.

Se você estiver por Goiânia, vale a pena fazer uma visita — seja para conhecer a história, prestigiar a arte ou aproveitar a movimentada Feira Hippie ao lado.

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